quarta-feira, 23 de julho de 2014

ENTREVISTA COM O QUADRILHASRJ PARA O SITE VIVA FAVELA

SEGUE O LINK COM UMA GRANDE ENTREVISTA COM O QUADRILHARJ E COM OA GRUPOS DE QUADRILHAS JUNINA DO CAJU.

Arquivo do grupo Trancos Barrancos
Arquivo do grupo Trancos BarrancosGrupos de quadrilha no Caju já conquistam gerações
Nos meses de junho e julho, as comunidades do Complexo do Caju ganham novas cores. É neste período que as festas juninas invadem as ruelas e empolgam os moradores com quitutes, músicas, e aquilo que por ali já virou tradição: a apresentação de grupos de quadrilha, que cresceram e atualmente competem a nível profissional. Tudo começou em uma brincadeira de jovens de uma igreja da região, mas hoje, grupos como Quadrilhão, Vem Dançar, Trancos e Barrancos e Nova Geração agitam a vida cultural do Caju. 

O planejamento das apresentações começa em dezembro do ano anterior, quando acontecem as reuniões dos coordenadores dos grupos. Em fevereiro, começam os ensaios. Para estar entre os integrantes das quadrilhas, é preciso muita dedicação: é necessário ter disponibilidade para ensaiar e se apresentar (o que acontece todos finais de semana em junho, julho e agosto), além de dinheiro para pagar as fantasias. “Nós gastamos em média, todo ano, R$3 mil no figurino. Já os homens gastam cerca de R$1,5 mil”, conta Vanessa Dias, de 25 anos, dançarina da quadrilha Vem Dançar. 

Os grupos têm seus próprios costureiros, que nas quadrilhas maiores vêm do ramo do Carnaval, onde imperam roupas grandes com detalhes. Na “Vem Dançar”, por exemplo, o costureiro trabalha também na Imperatriz Leopoldinense. As despesas com mão de obra, aparelhos de som, entre outros, são cobertas em grande parte com eventos realizados pelos próprios grupos, como bingos, “choppadas” e festas juninas. 

Uma tradição cultural
Nos anos 90, o grupo “Juventude Unida em Cristo”, vinculado à Igreja Católica Nossa Senhora Aparecida, passou a ensaiar quadrilhas para animar festas de capelas vizinhas.  É o que conta Fábio Santos, 33, que participou deste movimento e hoje coordena o Quadrilhão. “No inicio a gente se reunia para se divertir mesmo, os jovens da igreja só tinham a intenção de animar as festas juninas e julinas das igrejas do Caju e de bairros próximos”, afirma.

Arquivo pessoal
Arquivo pessoalMarco Antônio tem sua estreia
Hoje, o que era brincadeira virou paixão. “Estamos dançando há 8 anos e já saímos vencedores de vários campeonatos. Dançar quadrilha é uma cultura que temos que levar adiante e não deixar no esquecimento. É diversão e ao mesmo tempo muita responsabilidade”, comentou com emoção Patrícia Dutra, 35, coordenadora da Trancos e Barrancos. 

A cultura “quadrilheira”, como os dançarinos do Caju costumam dizer, se perpetua entre as gerações de moradores. Marco Antônio Silva, 15, viu sua irmã dançar por anos nos grupos de destaque do bairro e hoje faz a sua estréia na Nova Geração. “Somos uma quadrilha iniciante, ainda não competimos. São cerca de 20 pares, sem contar com o Apoio, que também faz parte do grupo, formado por pais e amigos”, conta o jovem.

Apesar da importância do movimento na vida comunitária, participantes das quadrilhas reclamam da falta de apoio dos governos. “Sentimos falta de um apoio na comunidade com as burocracias de shows e apresentações. Sem falar que não temos a estrutura ideal para realizar os ensaios ou guardar as alegorias”, aponta Denise Monteiro, 30, dançarina do Quadrilhão. O grupo é o mais antigo no Caju, com 11 anos. 

Competições e prêmios
Dentre os quatro principais grupos do Caju, apenas a recém-lançada Nova Geração não participa de alguma federação de quadrilhas estadual ou nacional. As associações, no estado do Rio, têm como expoentes a Festrilha e a Federação Independente de Grupos de Dança de Quadrilha do Estado do Rio de Janeiro (Figdquerj). Estas organizam seus próprios torneios, cujas exigências lembram a competição entre escolas de samba: é preciso ter destaques, como “Rainha e Rei”, “Florista e Floricultor” e “Narrador”, além de bom desempenho nos quesitos “Entrada na quadra”, “Coreografia”, “Animação”, “Criatividade”, “Indumentária” e “Cenário”. 

Arquivo pessoal
Arquivo pessoalDenise participa do Quadrilhão
Há também uma divisão formal entre tipos de quadrilha: a de Roça e a de Salão. A primeira tem roupas e músicas com um vínculo maior com a tradição, já a segunda tem temas e músicas mais livres, além de roupas luxuosas e voluptuosas. No Caju, os grupos Quadrilhão e Nova Geração pertencem ao gênero “Roça”, e Vem Dançar e Trancos e Barrancos, ao gênero “Salão”. 

A final da Festrilha acontece nos dias 26 e 27 de julho na Vila Olímpica de Campo Grande – nenhum grupo do Caju se classificou para esta fase. Já a final da Figdquerj acontece nos dias 2 e 9 de agosto no Clube Social de Ramos, e o resultado dos classificados sai neste final de semana. 

Apesar do futuro incerto nestas competições em 2014, as quadrilhas do Caju já acumulam prêmios em suas categorias.  O Quadrilhão venceu neste ano uma etapa do Festrilha em Mesquita e, em 2013, foi campeã estadual de quadrilhas, vice-campeã da Festrilha e 6ª colocada no Concurso Nacional de Quadrilhas. A Vem Dançar foi campeã da Figdquerj, vice-campeã estadual de quadrilhas e campeã da Federação de Arraiás e Quadrilhas Juninas da Baixada Fluminense (Faquabaf). Por fim, a Trancos e Barrancos chegou ao 3º lugar do Arraiá de Vilar dos Teles em 2013. 

Profissionalização caipira
Entre campeonatos, arraiás e diversos grupos de quadrilha, surge uma nova profissão: a de “agente junino”. Pelo menos é assim que se entitula Wagner Bastos, que há três anos media a contratação de shows entre grupos de quadrilha e empresas, shoppings, condomínios, entre outros. 

Entre os desafios neste meio, Bastos aponta a falta de apoio da mídia e dos governantes. “No Nordeste, os grupos recebem patrocínio de prefeituras e empresas, e a televisão exibe na íntegra as apresentações. As competições de quadrilha existem há muito tempo no estado do Rio de Janeiro, mas só agora a mídia está começando a se interessar por elas”, afirma o “agente junino”. 



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