sábado, 30 de junho de 2012

REPORTAGEM DO GLOBO REPORTE SOBRE LUIZ GONZAGA E AS QUADRILHAS JUNINAS

REPORTAGEM SOBRE AS QUADRILHAS JUNINAS - GLOBO REPORTE - PARA QUEM PERDEU ONTEM...


http://g1.globo.com/globo-reporter/videos/t/edicoes/v/quadrilhas-juninas-fazem-espetaculo-grandioso-como-um-desfile-de-escolas-de-samba/2018835/


Lágrimas, tensão, emoção, fé. Antes de pisar no arraial, os dançarinos das quadrilhas juninas experimentam um turbilhão de sentimentos. São jovens da periferia que levam ao extremo a paixão pela grande festa popular.

O que vai entrar em cena é o resultado de meses de ensaio, de investimento, de sacrifício e de sonhos.
E pensar que tudo começou de um jeito bem simples, numa brincadeira que reunia amigos, parentes e vizinhos. Nas terras de Luiz Gonzaga, no Sertão do Araripe, o arraial coberto de palha é o palco da quadrilha “Matuta Autêntica”. O interior ainda preserva os caipiras com suas roupas remendadas e figurino da roça, como era no passado. Mas, até quando?
“A sociedade cobra isso. Ela pede um espetáculo mais ousado, visualmente mais bonito”, afirmou Anderson Gomes, diretor artístico da Quadrilha Tradição.

O tempo passou. O matuto não é mais o mesmo e a quadrilha junina também se transformou. E não foi só no figurino luxuoso e no jeito de dançar. Mais do que diversão, o espetáculo produz uma revolução na vida dos jovens.
Estar na quadrilha junina é o passaporte para um mundo mais alegre, mais bonito. Distante das dificuldades do dia-a-dia. É como se eles estivessem gritando pra todo mundo ouvir.
“Eu tenho condições, eu tenho potencial e eu quero que vocês me valorizem”, disse o folclorista de Sergipe, Paulo Roberto do Nascimento.
Luis Cláudio é cabeleireiro. Edney, professor. Como a maioria dos quadrilheiros, eles moram em comunidades pobres na Região Metropolitana do Recife. Lugares onde as brincadeiras simples da infância podem durar pouco. Lá, a violência transforma jovens em vítimas.
“Já perdi muitos amigos aqui, por causa de envolvimento com coisas erradas, drogas”, revelou o cabeleireiro Luis Cláudio da Silva Souza.
Dois jovens percorrem um longo caminho em busca de uma realidade diferente.
Caminham. Pegam trem. Metrô. Ônibus. São quase três horas pra chegar até ao local do ensaio.
“E precisava ser tão longe de casa assim essa quadrilha junina?”, perguntou a repórter Beatriz Castro.
“É o amor, é o amor pela tradição que traz a gente até aqui”, respondeu o professor Ednei Pedro da Silva.

É a mesma paixão que leva Taynara, todos os dias, depois da correria do trabalho e da faculdade, onde faz o curso de administração. A jovem tem um papel de destaque na quadrilha: é a noiva e já foi eleita a melhor do país, num concurso nacional. A equipe do Globo Repórter foi conhecê-la um pouquinho mais.

A casa é simples, mas esconde preciosidades. A equipe fez questão de ir direto para o quarto da Taynara para ela mostrar o principal tesouro que ela guarda na casa, os vestidos de noiva.
“Eu tenho cinco vestidos de noiva guardados. É uma relíquia pra mim”, contou a estudante Taynara Gomes.

Taynara não mede sacrifícios. Ela economiza o ano todo e investe até o dinheiro das férias. Chega a gastar R$ 4 mil com o figurino.

“É muito prazeroso, você ir pra lá e ver todos aplaudindo, gritando o seu nome. Isso não tem preço”, revelou.
E no pequeno quarto, a realidade dá espaço à fantasia. A noiva sonhava ser bailarina. Sem dinheiro para as aulas de balé, reinventou passos e foi reinar no arraial.
Finalmente, chega a hora de se transformar. Taynara está radiante com seu vestido mais luxuoso. Todos correm pra acertar os últimos detalhes.
Começa uma competição acirrada. Os jovens, das mais diferentes periferias, vêm mostrar a arte da alegria, embalados pela música de Gonzação. As coreografias são aceleradas. Os passos, milimetricamente ensaiados. O show hipnotiza a plateia. Para os jurados, uma missão dificílima: escolher qual é a melhor quadrilha entre as melhores. No espetáculo da superação todos são vencedores.

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